Ter um empreendimento, qualquer que seja a atividade econômica, pressupõe obedecer às regras aplicáveis ao setor. Existem inúmeras normas para laboratórios de análises clínicas que servem para nortear toda a atividade. Inclusive normas de segurança, que abrangem condutas que devem ser adotadas pela equipe no manuseio das substâncias para minimizar riscos.
Neste post, abordamos as normas para laboratórios de análises clínicas que falam exatamente sobre a gestão da segurança. A principal referência a ser tomada para discutir o assunto é a NBR 14785:2001. Confira!
Gestão da segurança no laboratório de análises clínicas
As normas para laboratórios de análises clínicas que dizem respeito à gestão da segurança têm um objetivo claro: preservar a integridade de pacientes, clientes, colaboradores e meio ambiente.
Vale lembrar que a responsabilidade sobre a atividade recai sobre o diretor ou profissional nomeado em contrato. Por este motivo, o responsável pelo negócio deve ter um plano de gestão preciso, com um conjunto de atividades técnicas e administrativas que se destinam a cumprir tal objetivo.
Para auxiliar na elaboração e implantação do plano, a NBR 14785:2001 apresenta anexos interessantes que podem ser utilizados, como classificação dos resíduos dos serviços de saúde, lista de verificação para auditoria interna, e recomendações para descontaminação, limpeza e desinfecção do ambiente. A nota técnica também faz menção a normas para laboratórios de análises clínicas, regulamentos e decretos que devem ser consultados.
Simplificando um pouco a nota técnica, abordamos a seguir os principais pontos que ela traz.
Responsabilidade da equipe
Como seus colaboradores lidam com a segurança no laboratório? A conduta deles cumpre ao objetivo da NBR? Se não cumprem, saiba que a responsabilidade pela segurança do laboratório é do diretor, que deve designar um profissional que supervisione a implantação dos procedimentos relativos a segurança.
Toda a equipe deve se preocupar constantemente em manter as condições de saúde dentro do ambiente de trabalho. Se existem riscos potenciais associados a determinada função, o pessoal deve ser alertado. Assim, conseguem se imunizar preventivamente quanto a infecções associadas aos organismos aos quais estão expostos. Quer um exemplo? Todos que têm contato com sangue humano devem se vacinar contra hepatite B e tétano.
Além de ter cuidado com a própria atuação, os profissionais devem seguir as normas para laboratórios de análises clínicas quanto à segurança em relação ao público externo. Caso identifiquem qualquer problema, devem registrá-lo e providenciar ações corretivas. Para que a equipe seja capaz de assumir tal responsabilidade, o gestor do laboratório deve capacitá-la constantemente.
Registros e auditoria interna
A capacitação da equipe também envolve manter registros das atividades internas que se destinam a cumprir as exigências do programa de segurança e das normas para laboratórios de análises clínicas. Veja alguns exemplos de registros:
- Doenças profissionais, acidentes e incidentes;
- Auditorias internas na área de segurança;
- Avaliação de risco ambiental;
- Treinamento do pessoal.
Neste ponto, merecem destaque as auditorias internas, que são fundamentais para garantir a segurança no laboratório. Seus procedimentos e atividades estão em conformidade com as disposições? Os dispositivos de alarme e de segurança estão funcionando corretamente? A auditoria serve para verificar tudo isso, de modo a propor ações corretivas ou preventivas. Como dissemos anteriormente, a NBR traz um modelo de lista para auditoria que você pode utilizar em seu negócio.
Níveis de segurança
Para compreender as inúmeras normas para laboratórios de análises clínicas relacionadas à segurança, o responsável deve se lembrar que existem 4 níveis de segurança conforme a legislação em vigor, em que se define práticas especiais, equipamentos de contenção e instalações exigidas. Os níveis são determinados conforme o grau de proteção proporcionado aos colaboradores, ao meio ambiente e à comunidade. Veja:
- Nível 1 (contenção laboratorial): aplica-se aos laboratórios de ensino básico, em que se manipulam microrganismos de classe de risco 1. Basta um bom planejamento espacial e funcional, além da adoção de boas práticas laboratoriais;
- Nível 2 (laboratório em contenção): manipulam-se microrganismos da classe de risco 2. Aplicável a laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico. É preciso adotar boas práticas e se utilizar de barreiras físicas primárias e secundárias, como cabine de segurança biológica, EPI, desenho e organização do laboratório;
- Nível 3: manipulam-se microrganismos da classe de risco 3 ou grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2. Além do requerido para o nível 2, demanda desenho e construções laboratoriais especiais, controle rígido de operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos, e treinamento específico sobre procedimentos de segurança para o pessoal técnico;
- Nível 4 (laboratório de contenção máxima): manipulação de microrganismos da classe de risco 4 (alto nível de contenção), deve ter unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Além de unir os requisitos dos níveis anteriores, deve possuir barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança.
Estrutura física e meio ambiente
Outro ponto importante para a gestão da segurança no laboratório diz respeito à estrutura física e ao meio ambiente. Isso porque ele deve ser projetado para evitar ou minimizar riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e acidentes. Assim, o ambiente de trabalho funciona de forma segura.
Os pontos que devem ser objeto de atenção do gestor são:
- Plantas e instalações: é preciso considerar condições que podem causar riscos, como armazenamento e manuseio de produtos químicos, número de profissionais, quantidade de equipamentos na área, trabalho com grande volume e/ou elevadas concentrações de microorganismos, entre outros;
- Considerações arquitetônicas: respeito aos códigos de obras, aos padrões de segurança para laboratórios (espaço, prevenção de fogo, saídas de emergência, largura dos corredores, iluminação, etc.) e às disposições que tratam sobre o espaço físico;
- Iluminação: recomenda-se evitar reflexos e luz ofuscante dentro das áreas de trabalho;
- Temperatura: deve ser controlada em nível compatível com o conforto dos colaboradores e dentro dos limites de tolerância;
- Ventilação e umidade: recomenda-se usar um sistema de ventilação mecânica que garanta renovação do ar na área de trabalho e evitar a colocação de clarabóias. Também é preciso isolar equipamentos ou setores que geram vapores ou odores excessivos;
- Ruído: evitar ruídos excessivos dentro do laboratório clínico e implementar medidas para minimizar ou atenuar ruídos desconfortáveis.;
- Ergonomia: mobiliário deve ser projetado conforme as características antropométricas dos colaboradores.
Identificação dos riscos
As normas para laboratórios de análises clínicas existem para preservar a integridade de pacientes, clientes, colaboradores e meio ambiente, bem como garantir uma prestação de serviços excelente. No quesito segurança, a identificação de riscos é primordial.
Em laboratórios, existem áreas de risco que devem ser mapeadas, apontado os tipos de riscos ambientais ali existentes. O pessoal deve ser treinado com instruções específicas e procedimentos de emergência, e isso inclui limitar o acesso às áreas técnicas.
Para alertar a todos sobre os riscos, existem símbolos internacionais de alerta ou sinais nacionais condizentes com as normas para laboratórios de análises clínicas.
Requisitos básicos para a segurança
Com esse panorama geral sobre as normas para laboratórios de análises clínicas relacionadas à segurança, o gestor já sabe que a existência de um plano é fundamental. É nele que estarão dispostas as condutas e medidas que minimizarão ou eliminarão os riscos. O gestor deve ter em mente que será necessário um investimento na segurança, seja em recursos para a execução de trabalhos (coordenação, auditorias, inspeções etc.), seja para capacitar seu pessoal.
Em seu programa de segurança, devem estar abrangidos os requisitos básicos. Alguns são mais gerais, enquanto outros são mais específicos, como segurança química, elétrica, de radiação, etc.
Requisitos gerais
A norma técnica traz alguns requisitos gerais que tratam sobre diversas condutas ou substâncias. As recomendações abordam alimentação, tabagismo, cosméticos, cabelos, barba e adornos, pipetagem, lavagem das mãos, procedimentos de limpeza, desinfecção, esterilização e anti-sepsia (conforme potencial de contaminação das áreas, dos materiais e dos possíveis riscos de contaminação), descarte de resíduos conforme sua classificação, prevenção de exposição acidental ao material biológico, procedimentos após a exposição ao material biológico, acesso às áreas técnicas, símbolos de segurança, e riscos microbiológicos.
Segurança química
As normas para laboratórios de análises clínicas relacionadas a seguranças tratam especificamente sobre alguns riscos. Um deles é o risco químico. Esse risco decorre da classificação dos produtos químicos perigosos, que possuem as seguintes categorias:
- Corrosivos: causa destruição visível ou alteração irreversível em tecido humano no ponto de contato. Se for um resíduo químico corrosivo, é aquele que possui pH inferior a 2,1 ou superior a 12,5;
- Tóxicos: substância química que, se inalada, ingerida ou em contato com a pele, mesmo que em quantidades pequenas, acarreta efeitos biológicos graves (HCl, por exemplo);
- Cancerígenos: substância química que pode provocar o aparecimento de modificações celulares graves se absorvida pelo organismo (benzeno, por exemplo);
- Ignificável: pode ser combustível ou inflamável, pois é a substância química capaz de queimar;
- Explosivos: substâncias químicas reativas e instáveis que sofrem rápidas e violentas alterações químicas.
Em laboratórios de análises clínicas, há armazenamento de reagentes cáusticos e corrosivos. Devido a seu perigo, os colaboradores devem tomar alguns cuidados, como armazená-los abaixo da altura dos olhos, não armazená-los com reagentes inflamáveis e instáveis, e rotular com clareza todos os produtos químicos perigosos, inclusive com os símbolos internacionais relacionados.
No mesmo sentido, devem manusear e utilizar quaisquer substâncias químicas com os equipamentos de proteção e contenção estabelecidos nas normas para laboratórios de análises clínicas.
O gestor também deve ficar atento à segurança química. A NBR pontua que “deve existir um procedimento de segurança que assegure o cumprimento das normas a serem atendidas em caso de acidentes ou derramamentos químicos, descontaminação e descarte, assim como para o atendimento imediato de primeiros-socorros ao pessoal que trabalha no local”.
Segurança de radiação
A nota técnica também pontua algumas diretrizes sobre a segurança de radiação. Veja:
- O laboratório deve ter equipamentos e local apropriado para trabalhar com radionuclídeos de baixa radiação;
- Os colaboradores devem ser capacitados para manusear os reagentes que possuem radioisótopos;
- É preciso estabelecer procedimentos de aquisição, manuseio, descontaminação e descarte dos reagentes que possuem radioisótopos em acordo com as normas para laboratórios de análises clínicas;
- Os reagentes com radioisótopos devem ser armazenados em locais específicos, indicados por símbolos próprios de acordo com a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear;
- Caso exista utilização de luz ultravioleta, raios laser e equipamentos de microondas, é preciso estabelecer procedimentos sobre sua utilização, equipamentos de proteção necessários para os profissionais, e relacionar as possíveis interferências que podem provocar em outros equipamentos eletrônicos.
Segurança elétrica
Algumas normas para laboratórios de análises clínicas relacionadas à segurança elétrica trazem disposições que são adotadas em diversos empreendimentos, até mesmo em residências.
Alguns exemplos de cuidados gerais com a rede elétrica: verificar anualmente a integridade dos fios elétricos, ter número suficiente de tomadas para evitar o uso de extensão e de adaptadores conectados a uma só tomada, contratar profissional especializado para efetuar qualquer reparo na rede elétrica e em seus componentes, efetuar reparo em equipamentos apenas com eles desligados da corrente elétrica.
Além destes, é preciso examinar a aterragem e a polaridade das tomadas utilizadas no laboratório clínico.
Prevenção de incêndio
Assim como a segurança elétrica, as medidas de prevenção de incêndio também devem ser adotadas em diversos empreendimentos. Inicialmente, os riscos são avaliados por pessoal especializado, que poderá elaborar um procedimento específico para o caso de um sinistro dessa natureza.
E o que eles analisam em um laboratório clínico? As principais fontes de incêndio, que são chamas abertas, resistências elétricas usadas para aquecimento e centelhas elétricas de interruptores, fricção, motores e eletricidade estática.
Diante da diversidade de materiais existentes no laboratório (combustíveis, inflamáveis etc.), o gestor deve se atentar a distribuir bem os extintores portáteis para cobrir quaisquer tipos de materiais.
Por fim, o pessoal do laboratório clínico deve ser instituído por meio de programa de treinamento contra incêndio.
Segurança no trabalho
O último requisito básico para a segurança laboratorial apontado pela NBR é a segurança no trabalho. Como pontuamos acima, os laboratórios clínicos são classificados, geralmente, no nível 2 de segurança. No entanto, podem trabalhar com materiais biológicos que contenham microrganismos contaminantes e classificados nos níveis 3 e 4. É o caso de vírus das hepatites B e C, CMV, HIV e outros patógenos transmissíveis por fluidos corporais.
Diante dessa realidade, o gestor deve se atentar a oferecer em seu ambiente de trabalho um procedimento de segurança adequado para a proteção do pessoal que manuseia esses materiais. Isso porque, para evitar os riscos, considera-se que as amostras recebidas ou colhidas no laboratório são potencialmente contaminadas por vírus ou outras doenças transmissíveis pelo contato com sangue e outros fluidos corporais.
De acordo com a nota técnica, a vigilância sanitária e de saúde do pessoal que trabalha no laboratório clínico possui os seguintes objetivos:
- Prevenir o aparecimento de doenças profissionais no pessoal que trabalha no laboratório clínico;
- Aplicar a imunização ativa ou passiva sempre que houver indicação;
- Providenciar o diagnóstico precoce dos casos de infecção laboratorial;
- Avaliar a eficácia do equipamento e das medidas de proteção.
Por fim, a direção deve obedecer a outras normas para laboratórios de análises clínicas que dizem respeito à saúde e segurança do trabalho, avaliando adequadamente o estado de saúde de seus colaboradores. Isso ocorre por meio da elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), e do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
A tecnologia como aliada das normas para laboratórios de análises clínicas
Garantir a segurança laboratorial é um grande desafio para os gestores e os profissionais que lidam com todos os riscos que a atividade oferece. O trabalho com materiais reagentes e substâncias perigosas, além do descarte de dejetos contaminados, deve ser preciso para manter a integridade física de todos. Mas, além de cumprir as normas para laboratórios de análises clínicas relacionadas a segurança, existem outras boas práticas que podem ser adotadas.
Investir em ferramentas digitais, como os softwares de gestão laboratorial, pode ser uma medida para ampliar a segurança. Quer um exemplo simples? A perda de amostras pode colocar em risco não só a reputação do negócio, mas a saúde dos profissionais envolvidos com essa tarefa. O gestor que possui um sistema consegue identificar falhas nos processos e situações de risco por meio do controle de indicadores de desempenho.
Em resumo, a tecnologia pode ser a melhor saída para otimizar e aprimorar a aplicação de protocolos de segurança previstos no plano. Torna-se muito mais fácil atender às normas para laboratórios de análises clínicas.
E também vale destacar: garantir a segurança dos pacientes no laboratório vai além do atendimento a tais normas e recomendações técnicas que objetivam evitar a contaminação dos colaboradores. O investimento em sistemas digitais aprimora toda a prestação de serviços, evitando também erros ou troca de resultados.
É exatamente uma prestação de serviços excelente e sem erros que viabiliza a obtenção de certificações e acreditações laboratoriais. Esse é o sonho de todo gestor, porque elas atestam a qualidade dos serviços e do atendimento prestado pelo seu negócio. Elas comprovam a excelência na gestão, ampliando a credibilidade e a vantagem competitiva do laboratório.
As normas para laboratórios de análises clínicas são elaboradas para garantir a prestação de serviços com excelência, sob os aspectos internos e externos. No que diz respeito às normas de segurança, a partir da compreensão do contexto em que se insere o laboratório, o gestor deve se preocupar com a estrutura física e com sua equipe, bem como com o destinatário dos serviços.
Além de atender aos requisitos gerais de segurança, deve atender aos requisitos específicos. O uso da tecnologia, como um software de gestão laboratorial, pode otimizar os processos internos, possibilitando um maior controle por parte do gestor. Isso aumenta as chances de ter um serviço de excelência, minimizando ou eliminando os riscos de segurança aos quais todos estão expostos.Se você quer compreender mais sobre normas para laboratórios de análises clínicas, pontuamos algumas no processo de abertura desse negócio. Confira no blog!