Manter a ordem e a eficiência nos processos internos do laboratório não é só uma questão de competitividade no mercado. A responsabilidade e a precisão envolvidas nos serviços prestados por esse tipo de empreendimento exigem um controle de qualidade laboratorial sistematizado, no qual todas a normas, regulamentações e precauções sejam observadas para assegurar a perfeita atuação da empresa.
A qualidade está conectada à regularidade do empreendimento em diversas frentes. O controle de qualidade no laboratório (CQ) é, por isso, extremamente importante. Ele é, inclusive, indispensável na gestão dos custos, já que um dos principais reflexos do aumento na qualidade operacional do laboratório é o melhor aproveitamento dos seus recursos.
Agora que você já está ciente da importância do CQ, confira algumas considerações sobre o assunto e nossas 5 medidas essenciais para fazer um bom controle de qualidade de laboratório clínico!
O que é controle de qualidade laboratorial?
Controle de qualidade laboratorial é um conjunto de ações que visam manter a regularidade do empreendimento em diferentes frentes. Por exemplo, por meio desse expediente é possível garantir a precisão dos resultados do laboratório, a rastreabilidade dos procedimentos e a confiabilidade transmitida aos usuários.
Esse conjunto se configura não só como uma boa prática para proporcionar mais segurança, eficiência e qualidade na coleta de exames. É, na verdade, uma exigência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Resolução da Diretoria Colegiadas (RDC) 302/2005 define os requisitos para que um laboratório realize exames de análises clínicas, citologia e patologia. Essas normas servem para padronizar critérios sanitários para o atendimento em laboratórios.
Acreditação laboratorial
Acreditação laboratorial é uma medida que atesta e reconhece a qualidade dos serviços prestados pelos laboratórios. São qualificações atestadas, em outras palavras. O laboratório recebe o aval do órgão responsável. Para conseguir a acreditação laboratorial, o negócio deve obedecer às normas brasileiras sobre o setor e manter uma rotina diária de controle de qualidade de equipamentos e dependências do laboratório.
A iluminação ou a temperatura de uma sala pode influenciar no resultado de um exame, por exemplo. Quando existe um controle de qualidade laboratorial eficaz, todas essas variáveis são consideradas na hora de prestar o serviço. Dessa forma, obtém-se resultados de exames dentro do padrão, contribuindo para o processo de acreditação. Mas por que é importante conseguir tais qualificações?
As certificações passam credibilidade ao serviço prestado ao paciente. Além disso, apresenta três consequências importantes:
- Eficiência e segurança na realização de procedimentos por parte da equipe técnica responsável;
- Otimização de processos de gestão;
- Satisfação do cliente.
A acreditação, por fim, é uma forma do laboratório garantir um ambiente em que os procedimentos são realizados com qualidade e eficácia, com controle de cada etapa.
Relação entre controle de qualidade no laboratório e redução de custos
Os processos de controle de qualidade no laboratório podem ser complexos. No entanto, muitos laboratórios utilizam ferramentas digitais como grandes aliadas na hora de realizar o controle. O uso da tecnologia serve para integrar as atividades, reduzir o tempo de atendimento ao paciente, aumentar a segurança das informações e reunir dados necessários para análise de desempenho dentro do próprio negócio.
As ferramentas, em outras palavras, auxiliam os profissionais a executarem suas tarefas de maneira otimizada e controlada. O monitoramento se torna mais simples devido à visibilidade das informações, o que garante que cada etapa do fluxo de trabalho se enquadre dentro dos requisitos de qualidade.
A partir do momento em que a gestão e os processos do laboratório são controlados de forma efetiva, todos os profissionais se beneficiam dessa otimização. Afinal, gasta-se menos tempo para realizar as tarefas, o que aumenta a produtividade. Com tomadas de decisões mais fundamentadas e menos índices de erros, ocorre uma natural redução de custos, além da maior segurança nos resultados.
A redução é, assim, fruto de uma equipe eficiente e produtiva, que realiza “mais com menos”.
Quais os pontos que devem ser considerados no controle de qualidade de laboratório clínico?
O controle de qualidade de laboratório clínico depende de alguns fatores. Cada um deles deve ser mensurado e acompanhado de perto para que os resultados sejam atingidos. Existem padrões predeterminados para cada setor de um laboratório, e analisar tais métricas é o que garante a qualidade na prestação dos serviços.
E quais são esses pontos? O controle de qualidade interno e externo em laboratório, a biossegurança, otimização e padronização dos processos.
Controle Interno da Qualidade – CIQ
A RDC nº 302/2005 traz a definição de Controle Interno da Qualidade (CIQ): “Procedimentos conduzidos em associação com o exame de amostras de pacientes para avaliar se o sistema analítico está operando dentro dos limites de tolerância pré-definidos”. A norma também traz as ações que garantem o CIQ no laboratório de análises clínicas, tais como:
- Monitoramento do processo analítico pela análise das amostras controle, com registro dos resultados obtidos e análise dos dados;
- Definição dos critérios de aceitação dos resultados por tipo de análise e de acordo com a metodologia utilizada;
- Liberação ou rejeição das análises após avaliação dos resultados das amostras controle, com registro das ações adotadas decorrentes de rejeições.
Controle Externo da Qualidade – CEQ
Por definição da norma RDC nº 302/2005, Controle Externo da Qualidade ou Avaliação Externa da Qualidade é a “Atividade de avaliação do desempenho de sistemas analíticos através de ensaios de proficiência, análise de padrões certificados e comparações interlaboratoriais”.
Os Ensaios de Proficiência se destinam a cada unidade do laboratório clínico (para aqueles que possuem mais de uma unidade) e incluem todos os exames realizados na rotina do laboratório. No entanto, os ensaios podem deixar de contemplar determinados exames, que deverão ser controlados por formas alternativas de controle externo da qualidade.
Os resultados decorrentes do CEQ devem ser registrados pelo laboratório. Também devem ser registradas inadequações, investigação de causas e ações tomadas para os resultados rejeitados ou em que não se obteve proficiência.
Investimento em biossegurança
Biossegurança em um laboratório de análises clínicas é o conjunto de medidas relacionadas à integridade do ambiente laboratorial. Esterilização dos equipamentos, tratamento do ar, manuseio correto de resíduos e outras ações contribuem para tornar as instalações mais adequadas ao trabalho, evitando riscos à integridade física e à saúde dos usuários do negócio.
A biossegurança tem papel fundamental no controle de qualidade laboratorial. Não à toa existem regulamentações específicas sobre o tema, de forma a se evitar acidentes, contaminações e outras ocorrências que possam interferir na saúde dos usuários e dos funcionários. Por isso, o gestor deve investir em biossegurança, o que pode ocorrer com as seguintes medidas:
- Utilização de equipamentos de proteção individuais (EPIs) ou coletivos (EPCs), que protegem o usuário da exposição a elementos insalubres ou perigosos que podem causar algum tipo de dano à saúde;
- Treinamentos para emergências: prepara os colaboradores para lidar com situações críticas;
- Obediência à Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 302 de 2005 e à NBR 14785;
- Utilização de mobílias e instrumentos de fácil limpeza;
- Instalação de pisos antiderrapantes.
Otimização de processos e padronização de técnicas
Um ponto fundamental para o controle de qualidade laboratorial é a otimização de processos e a padronização de técnicas. É a melhor forma de obter resultados fidedignos, consistentes e condizentes com a situação clínica apresentada pelos pacientes. Não pode ocorrer nenhuma interferência no processo, para que o resultado não seja alterado. No mesmo sentido, a informação deve satisfazer as necessidades dos clientes, de forma a possibilitar a correta realização de diagnóstico, tratamento e prognóstico de doenças.
Por este motivo, o controle de qualidade laboratorial depende de uma melhoria contínua dos processos envolvidos. Esse deve ser o foco principal para que seja possível prestar serviços de excelência aos clientes. Isso só é possível com o controle das etapas do fluxo de trabalho, que compreende fases pré-analítica, analítica e pós-analítica. Com o monitoramento, é possível minimizar consequências de falhas e suas recorrências. A tecnologia entra nesse processo para padronizar cada atividade envolvida.
Em um laboratório, isso ocorre por meio de POP (Procedimentos Operacionais Padrão) ou instruções de trabalho (IT).
Quais as melhores dicas para controle de qualidade de laboratório clínico?
Conhecer a demanda
Um dos princípios básicos para se estabelecer um controle de qualidade laboratorial eficiente é ter o perfeito conhecimento sobre quais são as principais demandas às quais a empresa é submetida diariamente.
A partir dessa informação, é muito mais fácil e estratégico iniciar um controle de qualidade de laboratório clínico que prioriza atividades e procedimentos mais realizados pelo empreendimento. Vale lembrar que, quanto maior for a demanda sobre um determinado serviço, maior deverá ser o controle de qualidade dele. Isso porque os riscos de algo dar errado é maior nessas atividades.
Por isso, é imprescindível que os líderes e gestores do laboratório tenham pleno conhecimento das demandas envolvidas na rotina do empreendimento. Dessa forma, é mais simples priorizar mudanças e estabelecer um controle de qualidade nos processos certos.
Definir a estrutura de atividades
Como dito, o controle de qualidade laboratorial é um conjunto de ações voltadas para o aumento da eficiência do empreendimento. De certa forma, também é uma garantia do perfeito funcionamento do negócio, sobretudo em termos operacionais.
Porém, isso só é possível se houver uma metodologia de organização envolvida no controle, ou seja, é preciso que uma estrutura de atividades seja definida.
Um controle de qualidade de laboratório clínico eficiente é aquele que trabalha com base em informações reais e dados precisos sobre as condições do negócio. Gestores, colaboradores e demais profissionais que atuam dentro da empresa precisam estar cientes sobre a organização dos processos e sobre como tudo é estruturado, desde o momento em que o usuário solicita um exame até o momento em que o resultado é entregue.
A lógica é: quanto mais sistematizados e fluidos forem os processos internos do estabelecimento, maior a qualidade da gestão e, por conseguinte, maior também será a qualidade das entregas.
Nesse sentido, muitas podem ser as estratégias para se definir a estrutura da empresa e gerenciá-la de forma mais eficiente. Hoje, com auxílio da tecnologia, softwares podem assumir a frente na gestão do negócio, controlando os processos e fornecendo toda a base informativa necessária para que se possa tomar as melhores decisões na hora de desenvolver um controle de qualidade laboratorial.
Buscar parcerias
Outra medida altamente estratégica para o reforço do controle de qualidade laboratorial é a atuação com parceiros. Isso porque nem sempre um laboratório tem os recursos necessários para realizar da forma mais adequada alguns procedimentos. Em muitos casos, também não há demanda suficiente que justifique investimentos na compra de equipamentos específicos, por exemplo.
Nesse tipo de situação, trabalhar com uma rede de parceiros pode ser o caminho mais viável para o sucesso operacional. A possibilidade de utilizar serviços de terceiros em regime de parceria pode fazer toda diferença não só na qualidade das entregas, mas também na agilidade delas, o que também é muito importante.
Desse modo, fica claro que os parceiros podem ser instrumentos importantes na melhoria do controle de qualidade laboratorial no tocante às operações, proporcionando uma gama maior de serviços aos usuários, mais precisão e agilidade.
Realizar o controle FIFO
A qualidade de um laboratório está ligada a uma série de processos internos que, quando somados, dão ao empreendimento toda robustez às suas atividades. Por exemplo, um dos pilares das atividades internas de um laboratório é o controle de estoque.
Alta demanda diária, grande necessidade de insumos, materiais específicos para as análises e uma série de outros recursos tornam fundamental o cuidado com a disponibilidade do estoque do laboratório para manter o controle de qualidade de seus procedimentos.
Nesse contexto, o controle FIFO (first in, first out) — que, em tradução livre, significa “primeiro a entrar, primeiro a sair” — é exemplo de medida que pode melhorar a qualidade operacional da empresa, pois garante que os insumos sejam utilizados da forma mais adequada possível.
A ideia dessa metodologia é que todos aqueles insumos que entraram primeiro no estoque devem ser consumidos primeiro. O que se pretende é evitar que mercadorias sejam desperdiçadas ou mal utilizadas.
Imagine como pode ser prejudicial e perigoso para um laboratório, cuja precisão e conformidade dos processos deve ser extrema, ter insumos fora do prazo de validade no estoque por falta de organização. Pior que isso seria utilizá-los em algum procedimento, causando alterações nos resultados e interferindo na qualidade do exame.
Calibrar os equipamentos
Quando o assunto é o controle de qualidade de laboratório clínico, é impossível não envolver os equipamentos utilizados nos procedimentos. Nesse sentido, cuidar para que todos eles estejam devidamente calibrados é uma das medidas que mais contribui para que a qualidade das entregas seja garantida.
A calibragem é o que garante a exatidão das amostras e a precisão das análises realizadas pelo equipamento. Logo, é imprescindível que esse procedimento seja realizado com certa regularidade, mantendo os resultados dentro dos padrões de acreditação.
Como foi possível perceber, o controle de qualidade laboratorial deve estar presente na rotina do empreendimento em diversos pontos. Quanto mais o negócio se preocupa com esse fator, menores as probabilidades de que falhas e erros nos processos ocorram e a qualidade operacional seja prejudicada.Gostou deste artigo? Deseja saber mais sobre como garantir a qualidade dos exames no seu laboratório? Aproveite e confira também nosso outro post sobre o tema!