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Como o laboratório de análises clínicas deve proceder em casos de coronavírus?

Como o laboratório de análises clínicas deve proceder em casos de coronavírus?

A covid-19 é uma doença infecciosa que, até então, não havia sido identificada em seres humanos. Causada pelo novo coronavírus (2019-nCoV), é responsável por um surto de doenças respiratórias que foi detectado pela primeira vez na China, na cidade de Wuhan, e se espalhou pelo mundo.

Em janeiro de 2020, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE -nCoV) foi ativado e considerando as recomendações tanto da Organização Mundial de Saúde (OMS), quanto da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), as equipes de vigilância dos estados e municípios brasileiros e quaisquer serviços de saúde foram orientados a ficarem alertas aos casos de pessoas com sintomas da covid-19.

Em meio as informações apresentadas e tendo em vista que ajustes decorrentes das modificações do cenário epidemiológico podem e devem ocorrer, a pergunta que queremos ajudar a responder é: como o laboratório de análises clínicas deve proceder em casos de coronavírus?

Você é gestor ou trabalha na operação de um laboratório? Se quer entender como o laboratório de análises clínicas deve proceder em casos de coronavírus, confira o conteúdo que preparamos para você! 

Novo coronavírus e a pandemia da covid-19

Novo coronavírus e a pandemia da covid-19

Existem vários tipos de coronavírus, no geral, os coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais, sendo que a maioria das infecções por coronavírus em humanos são causadas por espécies de vírus de baixa patogenicidade, ou seja, são desenvolvidos sintomas de resfriados comuns, podendo se tornar grave em crianças, idosos e pessoas que pertencem ao grupo de risco.

Em 2019, duas espécies de coronavírus extremamente patogênicos, o SARS e o MERS, foram responsáveis por surtos de graves síndromes respiratórias. Já sobre o novo coronavírus, que se espalha pelo mundo em 2020, não se tem clareza sobre o padrão de transmissibilidade, infectividade e letalidade, além disso, ainda não existem vacinas ou medicamentos específicos para o tratamento. 

Qual é o agente etiológico do novo coronavírus?

Da família Coronaviridae e de RNA vírus da ordem Nidovirales. Os vírus da SARS-CoV, MERS-CoV e 2019-nCoV são da subfamília Betacoronavírus que infectam apenas os mamíferos. Além desses três vírus, que são altamente deletérios e causadores de síndrome respiratória e gastrointestinal, há mais quatro tipos de coronavírus aptos para causar doenças no trato respiratório superior e também inferior e que são capazes de afetar especialmente crianças, jovens, pacientes com comorbidades e idosos.

Período de transmissão do novo coronavírus

A média de transmissibilidade dos pacientes infectados pelo coronavírus SARS-Cov é mais ou menos de sete dias após o surgimento dos primeiros sintomas. Porém, tudo indica que no caso no novo coronavírus a transmissão pode ocorrer mesmo sem o aparecimento de sintomas ou sinais. Ainda não existem informações suficientes para responder sobre a questão.

Sintomas do novo coronavírus

O quadro clínico e os sintomas do novo coronavírus podem variar bastante, indo desde os sintomas de um simples resfriado até os sintomas de uma grave pneumonia. Ainda não se tem certeza ou detalhes sobre o espectro da doença e inúmeras investigações e pesquisas estão sendo realizadas no mundo todo para que a doença possa ser caracterizada.

Os estudos mais recentes sobre os sintomas do novo coronavírus apontam que os principais sintomas clínicos são respiratórios. Podendo o indivíduo acometido apresentar, além da dificuldade respiratória, febre e tosse.

Não podemos considerar apenas um estudo já que a infecção apresenta inconclusões em diversos pontos, mas em uma análise recente, feita em 99 pacientes internados com diagnóstico laboratorial de covid-19 em um hospital de Wuhan, constatou que: 

  • 83% dos pacientes tiveram febre;
  • 82% dos pacientes tiveram tosse;
  • 31% dos pacientes tiveram falta de ar;
  • 11% dos pacientes tiveram dor muscular;
  • 9% dos pacientes apresentaram confusão mental;
  • 8% dos pacientes tiveram dor de cabeça;
  • 5% dos pacientes tiveram dor de garganta;
  • 4% dos pacientes tiveram rinorréia;
  • 2% dos pacientes tiveram dor no peito;
  • 2% dos pacientes tiveram diarréia;
  • 1% dos pacientes tiveram náuseas e vômito.

Já exames de imagem constataram que: 

  • 75% dos pacientes tiveram pneumonia bilateral;
  • 14% dos pacientes apresentaram múltiplas manchas;
  • 1% dos pacientes evoluiu para pneumotórax.

Além disso, em outro estudo realizado, houveram registros de linfopenia.

Quais complicações o novo coronavírus pode causar?

Mesmo considerando todos os sintomas descritos acima, algumas complicações podem acontecer, levando inclusive o paciente ao óbito. Por enquanto, os dados que temos sobre os pacientes hospitalizados revelam que as complicações mais comuns são: 

  • 29% das complicações são Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG;
  • 12% das complicações são lesões cardíacas aguda;
  • 10% das complicações são infecções secundárias;
  • Entre os pacientes hospitalizados, a letalidade teve variação entre 11% e 15%.

Sobre os pacientes que chegaram ao óbito, os primeiros estudos realizados pela China revelaram que: 

  • A letalidade foi de 2,1% na China;
  • A idade média dos pacientes era de 75 anos, tendo variação entre 48 e 89 anos;
  • 64,7% dos pacientes que morreram apresentaram febre;
  • 52,9% dos pacientes que morreram apresentaram tosse;
  • A média de dias entre os primeiros sintomas e a morte foi de 14 dias, sendo que houve uma variação entre 6 e 41 dias.

Como diagnosticar o novo coronavírus?

Como diagnosticar o novo coronavírus?

Existem três tipos de diagnósticos para o novo coronavírus: o diagnóstico clínico, o diagnóstico laboratorial e o diagnóstico diferencial. A seguir, explicaremos um pouco sobre cada um deles.

Diagnóstico clínico para o novo coronavírus

Conforme explicamos anteriormente, de forma geral, a covid-19 é uma doença que se caracteriza como uma síndrome gripal. Porém, ao contrário do que podemos observar em casos comuns de Influenza, os sintomas que podem começar leves, como um estado febril, são capazes de evoluir de forma progressiva e se tornarem graves e muito mais persistentes do que em casos de gripes comuns.

Para que o diagnóstico clínico seja realizado, é preciso que haja uma investigação médica a respeito do caso, levando em consideração e epidemiologia e os exames físicos. Todos os casos com sintomas gripais devem ser investigados, levando em consideração questões como, por exemplo, o contato do paciente com pessoas infectadas.

E todas as informações obtidas durante esta análise precisam ser devidamente registradas nos prontuários dos pacientes para que possam ser revisitadas posteriormente, inclusive em investigações epidemiológicas. 

Diagnóstico laboratorial para o novo coronavírus

Considerando os novos vírus em processos de pandemia, o ideal é que o diagnóstico laboratorial aconteça preferencialmente até o terceiro dia, podendo ser estendido até o sétimo dia. Inúmeros tipos de testes estão sendo pesquisados em todo o mundo, mas até então, de forma geral, a secreção da nasofaringe (SNF) é o espécime preferencial para o diagnóstico laboratorial para a covid-19.

Especificamente para o coronavírus, atualmente o diagnóstico laboratorial possui duas técnicas:

  • A detecção do genoma viral por meio das técnicas de RT-PCR em tempo real;
  • O sequenciamento parcial ou total do genoma viral.

Diagnóstico diferencial para o novo coronavírus

Como as características clínicas da covid-19 não são muito específicas, elas podem ser parecidas com os sintomas causados por diversos outros tipos de vírus que, ao mesmo tempo,  circulam em nossa sociedade sobre a forma de surto. Alguns exemplos são: a influenza, o adenovírus e, inclusive, outros tipos de coronavírus – diferente do novo coronavírus responsável pela covid-19.

Fluxo laboratorial para o diagnóstico do novo coronavírus

Fluxo laboratorial para o diagnóstico do novo coronavírus

Como dissemos acima, vários tipos de testes estão sendo pesquisados e, pelo menos por enquanto, a secreção da nasofaringe (SNF) é o espécime preferencial para o diagnóstico laboratorial para a covid-19. Mas você já sabe como as coletas de amostras são realizadas? Quais são as indicações? Qual a técnica certa para coletar e acondicionar as amostras? Então continue a leitura que iremos abordar sobre essas e outras importantes questões. 

Como realizar as coletas de amostras

Quando houver suspeita de contaminação pelo novo coronavírus, o protocolo para a Influenza deve ser seguido durante as coletas, sendo necessárias duas amostras respiratórias.

As duas amostras deverão ser encaminhadas com urgência para o LACEN e o LACEN solicitará o transporte à CGLAB. Assim, uma das amostras deverá ser enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e a outra para análise de metagenômica. 

Conforme boletim epidemiológico, ao cadastrar a solicitação de exame no Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), é preciso selecionar a opção vírus respiratórios ou Influenza no campo sobre a doença, já no campo referente às observações, é preciso descrever que as amostras são de pacientes suspeitos de infecção pelo novo coronavírus. 

As fichas de requisição do GAL e notificação de casos suspeitos sempre deverão acompanhar as amostras. 

Indicação de coletas de amostras

Sempre que houver a identificação de um caso suspeito de infecção pelo novo coronavírus a realização de coleta de amostras é indicada. 

Como deve ser feito o acondicionamento das amostras

As amostras suspeitas devem ser mantidas entre 4°C e 8°C e devem ser processadas no máximo entre 24 e 72 horas a partir do momento da coleta. Caso isso não seja possível, a recomendação é que as amostras sejam congeladas e mantidas a  -70°C até o seu envio.

Para o transporte de amostras de casos suspeitos de covid-19, as embalagens devem seguir os regulamentos de remessa para Substâncias Biológicas UN 3373, categoria B.

Como é feito o transporte e envio das amostras

Devido a emergência, o Ministério da Saúde está disponibilizando o envio das amostras em esquema de plantão, sete dias por semana, via Voetur. Para isso, o Lacen deve solicitar o transporte e enviar o requerimento padrão aos e-mails: : transportes.cglab@saude.gov.br e clinica.cglab@saude.gov.br.

Como o profissional deve se proteger durante a coleta

Talvez você já saiba, mas não podemos deixar de reforçar que os coronavírus são agentes infecciosos com nível de biossegurança classificados como 2 (NB2). E seu diagnóstico pode ser feito em um laboratório NB2 que contemple uma cabine de segurança Classe 2.

É preciso também que os profissionais de saúde tenham treinamentos específicos para realizar este tipo de exame. E, claro, o uso de máscara N95, gorro e óculos de proteção são indispensáveis. 

Como são feitas as coletas em caso de óbito

Para os casos de pessoas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus que evoluíram para o óbito, a coleta deverá ser realizada conforme os tópicos a seguir:

  • Os testes serão realizados a partir de tecidos da região central dos brônquios, tecidos do parênquima pulmonar e tecido das tonsilas e mucosa nasal;
  • As amostras devem ser acondicionadas em vidro com boca larga e com formalina tamponada a 10%;
  • É preciso sempre utilizar parafina sem compostos adicionais na hora de parafinizar os fragmentos.

Como evitar a transmissão do vírus

Como evitar a transmissão do vírus

Sabemos que a facilidade com que um vírus pode se espalhar entre as pessoas pode variar bastante. Alguns vírus são extremamente transmissíveis, como é o caso do sarampo, enquanto outros tipos de vírus são menos transmissíveis. Uma das grandes questões sobre o novo coronavírus é que não sabemos ao certo e precisamos entender melhor como ele se transmite.

Acredita-se que disseminação dos coronavírus SARS e MERS em 2019 ocorreu principalmente por meio de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada espirra ou tosse, assim como é o caso da influenza e outros tipos de gripes. Mas até o momento não temos a clareza necessária sobre como o novo coronavírus está se espalhando entre a população mundial.

Qual a suscetibilidade para o novo coronavírus

Como estamos falando sobre um novo vírus, a suscetibilidade é geral. Ainda não se sabe se existe imunidade (duradoura ou não) em pessoas que foram acometidas pela covid-19 e se recuperaram. Sabemos apenas que, pelo número de casos, o vírus é altamente transmissível e que a população, de forma geral, é muito suscetível. 

Quais são as principais medidas de prevenção e controle

De forma geral, as medidas para prevenir a contaminação pela covid-19 entre as pessoas são: 

  • O isolamento social;
  • Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou, caso não seja possível, utilizar álcool 70% para desinfetar as mãos;
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos;
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes;
  • Ficar em casa quando estiver doente e buscar ajuda médica apenas em caso de agravamento do quadro clínico;
  • Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogá-lo no lixo em seguida;
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

É importante ressaltar que para ajudar a impedir a propagação do vírus, é importante que estes se tornem hábitos diários.

O que fazer em casos de agravamento e hospitalização 

Diversas premissas básicas devem ser seguidas em casos de contaminação pelo novo coronavírus, algumas dessas medidas independem do agravamento ou hospitalização da pessoa acometida pela doença, como é o caso o isolamento social. Vejamos o que deve ser considerado:

  • Os pacientes suspeitos devem utilizar máscara cirúrgica desde o primeiro instante e o uso da mesma deve ser continuado mesmo que a pessoa esteja em local de isolamento social;
  • Qualquer pessoa que entre no quarto ou ambiente de isolamento em que o suspeito se isola deve utilizar os equipamentos de segurança, como é o caso da máscara n95, incluindo os profissionais de saúde que precisam realizar procedimentos. Para estes, outros equipamentos como protetor de face, protetor ocular, luvas, capote e avental também são recomendados;
  • É importante que amostras respiratórias sejam coletados e que os primeiros cuidados sejam prestados;
  • Os casos graves precisam ser encaminhados para um hospital de referência para que o paciente possa dar sequência ao tratamento e isolamento;
  • Os casos mais leves devem ser acompanhados pela atenção primária em saúde e as medidas de cuidados e precauções domiciliares devem ser tomadas.

É hora de se atualizar e se aliar a tecnologia

Ainda não sabemos quais serão os resultados da pandemia do novo coronavírus que assola o mundo em 2020. Mas se você é um profissional de análises clínicas, certamente será preciso se atualizar aos movimentos mundiais relacionados a propagação de vírus altamente patogênicos e adotar tecnologias ágeis em seu dia a dia.

Para que os gestores de laboratórios de análises clínicas consigam otimizar seus processos internos e ter um controle eficiente da qualidade, a adoção de tecnologia se torna essencial.

Algumas soluções tecnológicas trabalham justamente com objetivo de otimizar a gestão laboratorial. Este é o caso dos softwares de gestão laboratorial voltados especificamente para esta atividade. Com seu uso, é possível ter vantagens, como:

  • Segurança na prestação de serviços;
  • Redução no tempo de entrega de resultados;
  • Controle de coletas e triagens;
  • Gerenciamento de soroteca;
  • Integração entre os setores;
  • Segurança de dados;
  • Gestão de estoque e muito mais.

Assim, se torna claro que o uso de novas tecnologia está diretamente relacionado ao aumento da performance laboratorial e o atendimento das necessidades atuais do setor.

Se você quer se preparar para oferecer o melhor suporte laboratorial possível, conheça o Autolac.

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