Causada por um novo vírus, da família dos coronavírus, a covid-19 é uma doença infecciosa que provoca diversos sintomas. Entre os sintomas mais notáveis estão os respiratórios, que incluem a dificuldade de respirar, a pneumonia e a síndrome respiratória aguda grave (SARS).
Devido a globalização, o novo coronavírus se espalhou rapidamente entre inúmeros países do mundo. Como, aparentemente, a principal forma de contágio acontece por meio de contato com pessoas infectadas ou por meio de qualquer tipo de superfície contaminada, mais da metade da população mundial (52%) encontra-se atualmente em regime de isolamento social.
O isolamento possui inúmeras consequências econômicas, sociais e para o setor da saúde. Se você quer entender um pouco mais sobre este cenário, saber como gerenciar os riscos e lidar com a crise laboratorial, confira o conteúdo que preparamos para você.
O que é o novo coronavírus
Os coronavírus possuem este nome, sendo que “corona” significa “coroa”, devido às características que os constituem. Em 1937, pela primeira vez, um desses agentes infecciosos foi identificado em seres humanos e isolado. Entretanto, apenas em 1965, quando a microscopia revelou com detalhes a sua aparência, ele foi classificado como coronavírus. O novo coronavírus, identificado em dezembro de 2019, recebeu o nome de SARS-CoV-2 e a doença causada por ele passou a ser chamada de covid-19.
Conforme explicamos anteriormente, devido a globalização, o novo coronavírus já se tornou responsável pela maior crise global desde a Segunda Guerra Mundial. Sendo que o número de pessoas infectadas no mundo aumenta a cada dia – assim como o número de casos graves e óbitos.
Assim como outros vírus, quando o novo coronavírus infecta o organismo humano, sua primeira ação é invadir uma célula saudável e iniciar a produção de cópias de si mesmo. Então, o novo coronavírus, após se replicar, provoca o rompimento da célula e espalha suas inúmeras cópias para que possam invadir outras células – ainda sadias. É neste momento que os primeiros sintomas, como febre e tosse, surgem.
O sistema imunológico, ao identificar a infecção, libera sinais para que haja a produção de citocinas – moléculas essenciais para que possam haver as respostas imunes. Desta forma, os sintomas leves duram por volta de uma semana – período necessário para que o corpo seja capaz de eliminar a infecção. Já em casos mais graves, o coronavírus atinge os alvéolos pulmonares e desencadeia um processo inflamatório.
Em casos de inflamações severas, os alvéolos pulmonares podem ser preenchidos com líquidos e é este o cenário que caracteriza uma pneumonia. Com a obstrução dos alvéolos, a oxigenação do sangue pode diminuir e levar a pessoa infectada para o quadro de insuficiência respiratória.
Pessoas com doenças crônicas, como diabetes e pressão alta, doenças pulmonares, como asma e bronquite, e idosos, são integrantes do grupo de risco para a doença.
A crise mundial causada pelo novo coronavírus
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o coronavírus trará sérias consequências sociais, políticas e econômicas, em especial na África e América do Sul. Ghebreyesus destacou ainda o isolamento social é essencial para a redução do número de mortos e para o achatamento da curva de pessoas contaminadas, entretanto, é preciso que os governos implementem medidas para garantir que as pessoas mais pobres tenham alimentos e outros itens essenciais durante a crise.
Apesar dos inúmeros avanços científicos, ainda existem muitas incertezas em relação ao novo coronavírus e as consequências desta pandemia. O mundo está em um processo diário de aprendizagem e nós, além de acompanhar as mudanças, precisamos nos adaptar a elas.
Impactos na área da saúde
Nenhum país do mundo, mesmo os mais ricos, estão preparados para passar pela crise na área da saúde provocada pela pandemia do novo coronavírus – como é o caso de diversos países europeus.
Inúmeras decisões devem ser tomadas diariamente e de forma ágil – para evitar ou minimizar o colapso do sistema de saúde e garantir que mais vidas possam ser salvas.
Infelizmente, os países mais pobres, devido a falta de recursos, possuem algumas barreiras a mais para enfrentar – como é o caso do Equador, onde já houve um colapso no sistema de saúde e até mesmo no sistema funerário.
No Brasil, o cenário incerto nos impede de construir uma conclusão. Mas já podemos observar, além do aumento do número de casos e do aumento do número de mortes causadas pela covid-19, alguns Sistemas de Saúde à beira do colapso, como é o caso do Amazonas – onde a cidade de Manaus, que concentra 100% dos leitos de UTI, chegou a capacidade máxima de ocupação – e do Rio de Janeiro, que já teve decretado o estado de calamidade pública.
Mas além dos alarmantes impactos na área da saúde, quais são os impactos psicológicos e sociais causados pela pandemia do novo coronavírus?
Impactos psicológicos e sociais
Como seres humanos, possuímos um modelo mental de construção de padrões em busca de uma certa previsibilidade. Quando perdemos as nossas referências, nosso sistema cognitivo busca tentar entender o que está acontecendo para prever o que acontecerá em seguida.
Acontece que em tempos de pandemia, o que dita a rotina da maioria de nós é justamente a imprevisibilidade em relação ao que vai acontecer. Essa circunstância é um dos primeiros e mais comuns motivos causadores do mal-estar provocado pela crise do novo coronavírus.
É completamente normal e esperado que fiquemos ansiosos ao passar pelo isolamento social e suas consequências. Seja como sociedade ou indivíduos, estamos sofrendo com os impactos psicológicos e sociais causados pela pandemia.
Jim Down, um dos médicos intensivistas do University College Hospital London, relata sobre a dificuldade em lidar com o grande aumento do número de casos de pessoas infectadas pela covid-19 e sobre os ataques de pânico e dificuldades que muitos membros da equipe de saúde têm tido ao trabalhar em meio a pandemia. É uma situação inédita à todos.
Além de situações específicas como a descrita acima, ainda podemos citar inúmeras outras situações que, combinadas ou não, são capazes de afetar e muito o nosso estado emocional, como:
- preocupações acerca da doença e o medo de ser infectado ou que o vírus acometa amigos ou familiares;
- preocupação sobre a situação financeira atual e futura, inúmeras pessoas perderam seus empregos e negócios ou estão com medo de perdê-los em breve;
- isolamento social, limitação do convívio com os outros, alteração e adaptação de rotinas;
- confinamento entre os indivíduos que moram em uma mesma casa;
- adaptabilidade das crianças em relação ao isolamento, cuidados com a higiene e ausência do ambiente escolar;
- preocupações gerais a respeito do futuro individual ou coletivo, entre outros.
Para tentar reduzir um pouco esses efeitos, sugerimos a você algumas dicas para minimizar os impactos psicológicos:
- tentar criar a sensação de controle – o que você pode controlar e o que não pode controlar? Foque apenas no que é possível controlar! Mesmo que sejam atividades básicas;
- criar uma rotina – possivelmente essa é a dica mais importante de todas, não importa quais atividades irá executar ao longo do dia, estabeleça horários para acordar, para dormir, realizar as refeições, etc. Desta forma você “engana” o seu cérebro e alcança o bem-estar com menos dificuldade;
- estabelecer horários específicos para absorver informações – é preciso estar bem informado, mas foque em informações úteis e em fontes oficiais, como a OMS – e tome cuidado com as fake news;
- praticar atividades físicas – mesmo sem sair de casa, tente se movimentar diariamente. Existem vários vídeos e aplicativos gratuitos que podem ajudar nessa missão;
- se alimentar bem – mantenha uma dieta balanceada e, por mais que seja difícil, tente evitar alimentos industrializados, gordurosos ou açucarados;
- tentar substituir maus hábitos por bons hábitos – se você pretende eliminar um mau hábito, como por exemplo o hábito de fumar, tente iniciar um bom hábito. Isso ajuda o seu cérebro no processo de adaptação;
- identificar as situações que contribuem para o aumento de sua ansiedade e tentar evitá-las – por exemplo, se você percebe que após assistir a um programa específico na televisão ou ver as publicações de uma rede social, o seu nível de ansiedade aumenta, tente evitar acompanhá-los;
- escolher as redes sociais que usa – selecione bem quem você segue e restrinja o seu tempo de uso;
- criar pequenas metas diárias – pode ser estudar sobre algo que gostaria ou precisa se atualizar, cuidar de uma planta, arrumar uma prateleira ou até mesmo aprender uma nova receita.
Impactos econômicos
Apesar do cenário ainda incerto, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avalia que a economia mundial levará anos para se recuperar do impacto da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Segundo o secretário-geral da entidade, Angel Gurría, quase todas as grandes economias do mundo entrarão em recessão nos próximos meses e sofrerão com a queda econômica por pelo menos dois trimestres consecutivos.
O secretário-geral da OCDE afirma ainda que a incerteza causada pela pandemia do novo coronavírus é a maior em décadas e que ainda não temos como prever o quanto demandará a recuperação dos empregos, por exemplo, porque não sabemos ainda quantas pessoas ficarão desempregadas ao final de tudo isso. Por isso, as expectativas econômicas têm sido incertas ao redor do mundo.
Dado esse cenário, como enfrentar a crise mundial e lidar com os desafios, em especial, no setor laboratorial?
Desafios enfrentados pelo setor laboratorial
Em meio a tudo isso, como os laboratórios de análises clínicas podem enfrentar os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus?
A resposta parece simples para um momento tão complexo, mas de fato, o primeiro passo a ser dado rumo a uma possível solução é a criação de processos e gestão de riscos. Diferente do que muitos pensam, a gestão de riscos não deve ser planejada apenas para o setor assistencial, mas sim para todos os setores, incluindo o jurídico e o financeiro.
É importante ressaltar que não basta criar processos e gestão de riscos apenas no momento de dor, é preciso que a mudança cultural tenha o envolvimento de todos, começando pela liderança – que sempre servirá como referência aos demais.
Caso não haja adesão e o cumprimento dos processos não se torne parte da cultura empresarial, os benefícios da estratégia jamais serão percebidos – porque, obviamente, não terão eficácia.
Como fazer um gerenciamento de riscos eficaz?
Como dissemos anteriormente, antes mesmo da definição dos riscos é preciso que exista uma sensibilização para que haja adesão – e essa sensibilização precisa partir da alta gestão laboratorial.
Uma das principais barreiras, que impedem o sucesso de uma estratégia de gerenciamento de riscos, é justamente o pensamento daquela liderança que entende que os processos são necessários apenas em momentos onde o interesse e o foco é a acreditação laboratorial – ou seja, tudo o que necessita de processos gira em torno das normas. Mas é preciso que toda a alta gestão compreenda sobre a importância da definição de processos e da gestão de riscos para todos os departamentos do laboratório de análises clínicas.
Mapeamento das atividades laboratoriais
Mesmo com a gestão de riscos, nem sempre conseguimos prever exatamente quais adversidades teremos que enfrentar. Certamente, a maioria dos laboratórios previam o surgimentos de novos surtos – como, no passado, aconteceu com o vírus H1N1. Mas nenhum laboratório estava preparado para enfrentar a covid-19.
Dado este cenário, podemos dizer que o maior risco que um laboratório corre é não conhecer quais são os riscos eminentes ao seu negócio. É preciso conhecê-los a fundo para conseguir lidar com eles. Mas, e agora? O que podemos fazer? Como sairemos dessa e como nos prepararemos para a próxima pandemia – se e quando ela acontecer?
Para entender quais são os caminhos possíveis para lidar com esta crise é essencial mapear o cenário desde os aspectos mais otimistas até os mais pessimistas e catastróficos.
É preciso construir um mapeamento real, utilizando as métricas adequadas para o seu negócio e, a partir daí, propor as estratégias. Com os KPIs em mãos, fica mais fácil reduzir os ruídos, facilita a tomada de decisões e torna o processo mais ágil.
Destacamos ainda que, em meio a crise, assim como os governos de todo o mundo estão trabalhando, os caminhos precisam ser revistos diariamente e cada empresa precisa customizar as suas estratégias e planos de ação conforme sua respectiva realidade e matriz SWOT – ou seja, a estratégia adotada por um laboratório nem sempre será ideal para o outro.
Como montar um plano de ação neste momento?
Sabemos que o cenário para os micros e médios laboratórios de análises clínicas tendem a ser mais complicado. Mas ficar parado, neste momento, não é uma opção. Reflita sobre o que é possível fazer agora e o que é possível fazer após a crise, porque se existe um fato garantido em torno desta pandemia é que “sim”, ela irá passar.
A negação sobre os fatos precisa ser superada. É o momento de repensar sobre a sua instituição como um todo, independente do porte ou tipo de laboratório de análises clínicas. Se for preciso, dê um passo para trás para que no final disso tudo, possa dar dois passos para a frente!
Reúna todo o seu time e tente entender o que dá para fazer no momento, mas não deixe de buscar diretrizes. Assim como o próprio Ministério da Saúde, precisamos aprender com a pandemia e, todos os dias, reavaliar nossas atitudes em relação ao cenário.
Não se esqueça: acolher os colaboradores e oferecer transparência na comunicação é fundamental! A incerteza do momento torna o funcionário mais vulnerável e ele precisa e merece saber sobre tudo o que está acontecendo diariamente.
Outro ponto importante é: faça uma boa gestão das suas redes sociais. Ter redes sociais ativas é uma necessidade, quase uma obrigação do laboratório de análises clínicas. É preciso gerenciar estes canais profissionalmente, pessoas capacitadas para isso e devidamente preparadas devem assumir a responsabilidade, já que não basta criar uma rede social para gerir de qualquer forma ou abandoná-la – tal prática pode surtir o efeito inverso.
As redes sociais precisam ser encaradas como outras recepções do seu laboratório, cada rede social é uma porta nova que abriu. Então, é preciso monitorá-las, gerir as publicações, produzir conteúdo relevante para o seu público e interagir com os seguidores.
Descarte conteúdos irrelevantes e aposte apenas em conteúdos que gerem valor. Neste momento, mais do que nunca, é preciso se adaptar e aprender novas formas de interagir e lidar com os clientes.
Como gerenciar a crise com responsabilidade
Muitas pessoas pensam que sim, mas o mapeamento de processos e a gestão de riscos não devem ser feitos apenas em laboratórios acreditados, que estão em busca da acreditação ou prestes a conquistá-la. A gestão de riscos é essencial para todo e qualquer tipo de laboratório de análises clínicas.
Independente do setor, se você trabalha em um laboratório de análises clínicas ou qualquer outra área da saúde, sabe que: o risco zero não existe onde existem seres humanos trabalhando. Sendo assim, o objetivo da construção da gestão de riscos é justamente contribuir para mitigar os impactos adversos, como a atual pandemia da covid-19.
O mapeamento dos processos e a gestão de crises são ferramentas importantes e fundamentais para que o seu laboratório possa identificar com clareza qual frente é a mais vulnerável, como trabalhar de forma inteligente e direcionar os esforços do time para a direção correta.
Certamente, apenas por meio de um gerenciamento de crise concreto e embasado em dados reais será possível enfrentar as consequências causadas pelo novo coronavírus ao seu laboratório de análises clínicas.
Gostou do nosso conteúdo sobre coronavírus, crise e gerenciamento de riscos em laboratórios de análises clínicas? Então não deixe de conferir o nosso webinar sobre gerenciamento de riscos e gestão de crises em laboratórios de análises clínicas!